Autor: Veronica Roth
Editora: HarperTeen
Páginas: 544
Classificação: 5/5 estrelas
Editora: HarperTeen
Páginas: 544
Classificação: 5/5 estrelas
Não contêm spoilers.
Essa resenha foi feita baseada no documento que vazou na internet contendo o possível último livro da saga Divergent, deVeronica Roth. Vale destacar que somos contra disponibilização pirata e que o ebook foi adquirido previamente, entretanto não fui uma das sortudas que o recebeu antes da hora, por qualquer motivo que seja. Então, em último caso, essa é a resenha de um arquivo encontrado a esmo, talvez seja o final, talvez seja uma obra magnifica de um fã. O que é certo é que é brilhante.
“Quem é você?” exijo. “Somos Allegiant,” a voz responde. “E somos muitos, mas somos ninguém…”
E como são engraçadas as coisas. Essa semana eu estava pensando que não havia mais como Roth me surpreender com sua escrita, ela já mostrou seu melhor em Insurgente, ou isso eu acreditava. E então me aparece esse livro, e já era esperado vazar na rede. Bem, agora, só posso dizer, Veronica, por quê? Eu nem sei em qual ponta da desgraça começar, mas vamos lá…
O livro é narrado tanto por Tobias quanto por Tris, e o foco agora é o em torno da antiga Chicago. Após o vídeo nos momentos finais do livro anterior, a população está ainda mais temerária do que está por vir e Evelyn, com sua ideia fixa de acabar com as facções, abusa ainda mais de seu autoritarismo, impondo uma ordem contra qualquer um que tente seguir agindo como antigamente em sua facção, além de um toque de recolher.
Enquanto isso, Tris deve ser julgada por sua traição junto com alguns de seus amigos e Tobias precisa fingir que não tem nenhuma relação com ela após suas ações. Conforme o cenário piora e um novo grupo rebelde se prepara para avançar contra os planos de Evelyn e lutar por suas próprias escolhas e facções, Tris e sua ideia fixa de entender o que está la fora os levam diretamente a um mundo novo que faz a garota perceber que sua vida possivelmente era uma mentira, mas ela ainda não faz ideia que essa é somente a ponta do iceberg.
Eu me apaixonei por ele. Mas não estou com ele como se não houvesse outro disponível para mim. Fico com ele por escolha, cada dia que eu acordo, cada dia que nós lutamos ou mentimos um para o outro e desapontamos um ao outro. Eu escolho ele uma e outra vez, e ele me escolhe.
Bem, eu escrevi e escrevi, mas tudo que relatei nesses poucos parágrafos é algo ínfimo ao que realmente acontece em Allegiant. Veronica (ou algum fã seu?) abordou uma história tão complexa e inimaginável que o leitor se pega piscando e relendo alguns trechos para ver se realmente aconteceu, se a autora realmente teve coragem de desenhar um cenário tão insano e, quem sabe, possível — nos nossos piores pesadelos.
Confesso que é uma leitura difícil, e o arquivo não facilitou muito minha vida, mas o principal culpado é que são tantas voltas que levam ao mesmo caminho, ou isso eu acreditava, que por vezes me perguntei por que continuar tentando e insistindo em uma paz impossível, em uma visão utópica de uma sociedade fadada a lutar entre si e suas características peculiares. É frustrante, um jogo de xadrez cansativo, eu fiquei como os próprios personagens, me perguntando para onde tudo isso estava levando, e é exatamente isso que foi brilhante, são esses pontos no livro que espelharam exatamente como deve ser uma guerra. É triste, nada além disso, mas há pessoas, não tantas como gostaríamos, que desejam algo mais e esperam, torcem e lutam, se não por um mundo melhor, pela esperança de dar a ideia de que algo ainda é possível, mesmo que para isso sejam necessário grandes sacrifícios.
Há tantas formas de ser corajoso nesse mundo. Às vezes, coragem envolve arriscar sua vida por algo maior que si mesmo, por alguém. Às vezes envolve desistir de tudo que conhece, ou amou, por uma causa maior. Mas às vezes isso não acontece. Às vezes não é nada mais que ranger os dentes de dor, e trabalhar todo dia, em uma lenta caminhada por uma vida melhor.
Eu juro, foram poucas vezes, pouquíssimas vezes, onde um livro me surpreendeu tanto. Eu só queria parar e dizer chega, já está bom, eu entendi que o mundo tem uma capacidade infinita para a bondade e a maldade, para imprevistos e loucuras, para esperança e, enfim, eu só queria um respiro. E esses momentos de leveza foi ver o amadurecimento de Tris e Tobias e como o relacionamento entre eles e seus colegas atingiu um outro patamar.
Nessa última parte, finalmente entendemos o que significa ser um divergente, e quando você pensa que não dá para ficar pior, fica. É impossível não sofrer e chorar, não só por Tris e Four, mas também pelos melhores e piores entre o grupo, até mesmo Caleb se mostra com várias facetas. Veronica Rothdesejou mais do que escrever sobre heróis em um mundo distópico, ela retratou também a complexidade humana, sem um molde perfeito, onde tudo é preto no branco.
Não importa quantos spoilers você leu sobre esse livro, quão decepcionado ou irritado você está com a autora, seja lá o caminho que ela resolveu seguir, ela foi até o fim nisso, e ela ensinou uma lição enquanto corria atrás de uma história com ousadia suficiente para ser inesquecível para muitos que a leram. Eu posso não concordar com alguns pontos, mas Allegiant teve começo, meio e fim, foi uma rede bem elaborada e intrínseca, uma história inteligente e, por que não dizer, odiosa, e fecha uma das poucas trilogias que pode se equiparar aos clássicos do gênero.
E as dezenas de spoilers não me fizeram chorar menos, eu berrei com a mesma intensidade que berraria como uma fã que acompanha os livros desde o início, e eu odeio tanto esse livro que ainda quero que não seja real, e então decidi só chorar, deixar sair do peito e aproveitar porque é difícil deixar ir. Veronica Roth mostrou que não veio para brincadeira, e cara, leia se tiver coragem, pois não importa quanto revelaram do final, é a obra em si, cada capítulo, que marca esse livro como o melhor e o pior da autora. Só é difícil perceber que acabou.
Suponho que um fogo que queima tão brilhante não é feito para durar .
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